terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Pensamentos



A sirene tocou alto. Um barulho forte, implacável, sons violentos que pareciam arremessar um tijolo contra o peito do garoto, o vermelho então, uma luz tão forte e desnorteante capaz de cegar.
Ele esfregou os olhos, tentou se esconder atrás do móvel velho que sua mãe insistia em manter na sala de casa. Queria fugir do tormento que aquilo trazia, buscava o refugio para todos os medos e angustias presentes dentro de uma cabeça atormentada com lembranças vindas de outro lugar. Um lugar escuro, apodrecido pela história feita a mão. Certa vez, lendo um livro do Verissimo, descobri que é mão do homem que faz a guerra. Naquele momento entendi apenas uma faceta desta expressão multipolar.
O calor das brutalidades contrastava com a leveza do aroma inodoro oriundo das folhas que já não coloriam a arvore velha e cheia de galhos.
O garoto percebeu que não poderia esquecer algo que não pode ser esquecido, é como o natal, não se pode esquecer, as lojas nunca te deixam, elas te fazem lembrar, e bem cedo, em outubro o papai noel já distribui balas e coleciona pedidos.

Meio ano


"...Basta olhar no fundo dos meus olhos, pra ver que já não sou como era antes..."
[jota quest]


Hoje sou muito mais, pq tenho muito mais... Sabe aquele cara pleno, feliz de verdade ?
Pazer, Fabiano Oliveira !

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Saudade

Final da quinta-feira, resolvi que quando sair daqui vou passar no mercado. Além do suco de abacaxi, vou comprar calabresa, queijo e massa de pastel. Hoje a janta vai ser por minha conta, não por imposição da dona Lenir, eu que depois da dor de cabeça, decidi fazer algo legal, e de quebra dar uma folga pra ela.
Impossivel a lembrança da ultima vez que fiz os pasteis de calabresa, e da ajuda toda especial que recebi da minha pequena.
Hoje ela não vai estar na cozinha pra me ajudar, mas estará presente, firme e forte no meu pensamento.
Beijo amor, te amo.
Amo pra sempre !

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Revoluções por minuto

Certas coisas que acontecem mundo afora me deixam atônito. Na Espanha o participante de um reality show foi eliminado do programa, descobriram que quando ele tinha quinze anos, matou os pais. Pois é, parece loucura, mas não é mais coisa de outro mundo saber de coisas assim, infelizmente não é novidade a notícia de um filho que mata os pais.
Assim como não é novidade as matanças que estudantes europeus e norte americanos promovem ao entrar dentro de uma faculdade atirando para todos os lados.
Mas não é apenas lá fora que cenas, imagens e notícias aterrorizam as pessoas.
Semana passada estava assistindo o telejornal, um grupo de pessoas, de Paraisópolis, bairro de São Paulo, se manisfestava e mostrava sua indignação com o fato de um moradores da mesma favela ter sido morto, um dia antes em uma abordagem policial.
Até ai tudo bem e até mesmo justo, afinal vivemos em país que garante a liberdade de expressão, e também a organização de movimentos sociais, desde que pacíficos e com uma causa plausível e considerável.
O que me revoltou viria depois, o helicóptero da emissora de TV, fazia imagens ao vivo da "manifestação" carros sendo incendiados, barricadas de fogo, saque a comerciantes locais... Agora, convido você a pensar sobre as mesmas perguntas que me fiz no momento em que assisti tudo isso. Eles estão saqueando os comerciantes do bairro, ateando fogo em tudo. Mas essa não era uma manifestação em defesa de um morador que havia morrido um dia antes ? Será que saquear os vizinhos resolve ou ameniza a situação ? Será que essa conduta coloca a opinião pública ao lado deles ?
Certamente você e eu respondemos a mesma coisa, ainda antes de pronunciar o NÃO, pude ver mais dois carros sendo arrombados e saqueados de uma forma tão fácil e hábil, própria de quem está acostumado a fazer tal delito. Foi ai que percebi como foi que assaltaram o meu carro, a porta do carona ficou igual, e a minha desolação deve ter sido semelhante a dos donos daqueles veículos, afinal pagamos impostos, e tudo que queremos é viver em paz. Aquilo tudo não era uma manifestação, era uma grande baderna, o motivo que lhes faltava para roubar, atirar contra a polícia e se rebelar. É como se a morte do homem, foragido do sistema prisional, fosse uma afronta por parte da polícia, e todos sabemos que está bem longe de ser assim.



Tudo isto, todas estas barabaridades, num bairro que tem a palavra paraíso no nome.
Desliguei a TV, fui tomar banho, acho que tenho mesmo é que ler um livro.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Aprendendo a entender


Era domingo, já passava das dez da noite. Deitado no sofá da sala o garoto tentava ordenar os pensamentos e descobrir o sentido de algumas coisas. Nas mãos o livro que ganhara da namorada, e suco de abacaxi. Vestia calção verde e camiseta azul, nos pés um par de meias brancas, usava ainda um boné, parecido com o de um maquinista da antiga viação férrea.Entre as tantas coisas que o intrigavam, duas em especial lhe eram mais gritantes: "por que existe distância?" e "qual o tempo real, o que sentimos, ou o que vivemos ?"
Tentou primeiro a resposta para a questão da distância, fechou os olhos e lembrou que a distância e as estradas servem para olhar pelo retrovisor e ver alguém no banco de trás, comendo ameixa, mandando beijo ou até mesmo dormindo. Lembrou ainda que ela, distância, serve para embarcar no ônibus, pegar o jornal do dia seguinte, ler a matéria na página de política e comer o salgadinho comprado no posto de beira de estrada. A distância serve para ter tempo de escrever num blog, para ter tempo de ver o que aconteceu na noite de sábado, serve para lembrar das mãos dadas, do afago gostoso, de desenhos na areia da praia e de tantas outras coisas que se pode sentir de olhos fechados e coração aberto. Depois de pensar nessas coisas, não soube se encontrou uma resposta, mas sentiu que estava entendendo ainda mais sobre o que é amar.
Levantou do sofá, jogou uma água no rosto e passou para o segundo dilema: afinal que tempo é esse, o que eu vivo, ou o que o relógio está marcando ? Mesmo sem saber ao certo se a frase era a pergunta, ou já a resposta, passou a pensar mais sobre o assunto. Recordou de mais uma porção de coisas, e mesmo sabendo que tinha esquecido de várias, percebeu que o tempo pode ser diferente para cada um e para cada situação.Para o caso dele, fez uma relação do tempo com o frio do inverno. Quanto mais frio se sente, mais roupa se coloca, e mais tempo se fica perto da lareira. Para o tempo, quanto mais saudade se sente, mais se procura o calor das lembranças, e assim quanto mais frio e saudade ele sentia, mais se cobria com os casacos do amor, das fotos e das escritas de uma pequena que lhe provoca orgulho e sorrisos.Ao final, percebeu que nenhuma das perguntas tinham sido totalmente respondidas, não ficou triste, percebeu que mais importantes que as respostas são as indagações, as inquietações.