segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Aprendendo a entender


Era domingo, já passava das dez da noite. Deitado no sofá da sala o garoto tentava ordenar os pensamentos e descobrir o sentido de algumas coisas. Nas mãos o livro que ganhara da namorada, e suco de abacaxi. Vestia calção verde e camiseta azul, nos pés um par de meias brancas, usava ainda um boné, parecido com o de um maquinista da antiga viação férrea.Entre as tantas coisas que o intrigavam, duas em especial lhe eram mais gritantes: "por que existe distância?" e "qual o tempo real, o que sentimos, ou o que vivemos ?"
Tentou primeiro a resposta para a questão da distância, fechou os olhos e lembrou que a distância e as estradas servem para olhar pelo retrovisor e ver alguém no banco de trás, comendo ameixa, mandando beijo ou até mesmo dormindo. Lembrou ainda que ela, distância, serve para embarcar no ônibus, pegar o jornal do dia seguinte, ler a matéria na página de política e comer o salgadinho comprado no posto de beira de estrada. A distância serve para ter tempo de escrever num blog, para ter tempo de ver o que aconteceu na noite de sábado, serve para lembrar das mãos dadas, do afago gostoso, de desenhos na areia da praia e de tantas outras coisas que se pode sentir de olhos fechados e coração aberto. Depois de pensar nessas coisas, não soube se encontrou uma resposta, mas sentiu que estava entendendo ainda mais sobre o que é amar.
Levantou do sofá, jogou uma água no rosto e passou para o segundo dilema: afinal que tempo é esse, o que eu vivo, ou o que o relógio está marcando ? Mesmo sem saber ao certo se a frase era a pergunta, ou já a resposta, passou a pensar mais sobre o assunto. Recordou de mais uma porção de coisas, e mesmo sabendo que tinha esquecido de várias, percebeu que o tempo pode ser diferente para cada um e para cada situação.Para o caso dele, fez uma relação do tempo com o frio do inverno. Quanto mais frio se sente, mais roupa se coloca, e mais tempo se fica perto da lareira. Para o tempo, quanto mais saudade se sente, mais se procura o calor das lembranças, e assim quanto mais frio e saudade ele sentia, mais se cobria com os casacos do amor, das fotos e das escritas de uma pequena que lhe provoca orgulho e sorrisos.Ao final, percebeu que nenhuma das perguntas tinham sido totalmente respondidas, não ficou triste, percebeu que mais importantes que as respostas são as indagações, as inquietações.

Um comentário:

  1. Quem me provoca orgulho e sorrisos é esse garoto, de bermuda verde e camiseta azul, palavras sinceras, pensamentos doces e sorrisos que me impulsionam. Te amo, meu amor!!

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